quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Imortal


Hoje fui ao cinema com a minha irmã. Já estava prometido há mais de uma semana e lá fomos ver o filme "Duelo Imortal - A origem". Fomos mais porque ao que parecia, este filme tinha um certo seguimento de uma série que passou há uns anos valentes na SIC, "Highlander - Imortais", que adoravamos ver na altura. Mas enfim, pela sinopse que li, já esperava que o filme não era grande coisa. Senti que foi uma espécie de episódio com maior duração de tempo, com efeitos especiais da treta, rídiculos mesmo, que juntamente com a história alterada, ajudaram a estragar uma série que era óptima. Realmente tive pena. Saí de casa e distraí-me, mas foi uma desilusão. E só ouvia a minha irmã no comboio. "E como é que aquilo acabou, não percebi? Detesto finais assim tão abertos".
De facto, agora percebo como é que o filme estreou há duas semanas e apenas está em duas salas de cinema em Lisboa e com horário tão tarde. Ninguém deve ir ver aquilo.
Mas bom, durante breves minutos, o filme voltou a abordar um dilema que muitas vezes ocorria na série. A questão trágica da imortalidade, como uma maldição.
O facto de alguém poder viver eternamente, mas com a agravante de ao se ter sentimentos, vão-se conhecendo pessoas, criando amizades, descobrindo amores e ver estes a envelhecer e morrer, situação tremendamente terrível. Ainda mais porque é um ciclo que não acaba, pois é se imortal. Imaginar ver alguém que se ama a envelhecer e morrer e nós aqui apenas a ver. Será que a imortalidade iria compensar esse sofrimento? Julgo que não. Eu vejo isso pelo meu gato, infelizmente. Ele já vai a caminho dos 13 anos e infelizmente não anda mesmo nada bem. Para mim é vê-lo supostamente tão novo, criei-o, vi o crescer, ficar um gatarrão e agora a mingar, a ficar velhote. É tão desolador, mais ainda ao pensar que ele pode não estar junto de mim, dentro em breve. Eu que não pretendo ter filhos, apenas animais que os trato como um rebento, é me triste ver isto. E isso acontece não porque sejamos imortais, mas simplesmente porque vivemos mais que eles. Agora imagine-se ver isto com pessoas, gerações após gerações. Não sei se iria aguentar.

1 comentário:

Graduated Fool disse...

É apelativo ser imortal mas não sei se queria.
Contudo, aparte a série e o filme, a verdade é que alguém que vivesse eternamente, às tantas, habituava-se a perder as pessoas e certamente não lhe custaria tanto. Esse alguém ia encarar a realidade de uma forma que, para nós, que somos mortais, é inconcebível e difícil de imaginar.