Esta tarde, enquanto estacionei no sofá da minha sala para lanchar qualquer coisa, lá fiz algo que em mim é raro de há uns bons meses para cá. Ver televisão. Comecei a lanchar e a fazer companhia à minha irmã, enquanto via um filme daqueles do género comédia romântica.
Nisto, numa das cenas, a Drew Barrymore faz uma pergunta ao par daquele filme: AMAS-ME? A resposta dele? Que dar-lhe uma resposta daquelas naquele momento seria muito estranha e complicada para ele. Isto porque a palavra amor, dizer que ama alguém é difícil. Mas que se tiver em conta que quando ele se levantava o primeiro pensamento dele era ir tomar o pequeno-almoço ao bar do hotel para ver se a via ao longe a comer, ver como estava bonita, ver como o sol da manhã lhe reflectia no rosto, querer saber mais dela, querer estar sempre com ela, estar dependente dela, então que sim, que a devia amar. E lá se beijaram pela primeira vez.
Mas acho que embora a alguns lhe custem admitir, amar, estar apaixonado é isto mesmo.
Querer estar sempre com o outro, querer saber mais sobre ele, na sua ausência estar sempre a pensar nele, precisar dele como quase de ar para respirar, ficar deprimido quando não se está com ele, sonhar com ele, observar todos os seus pormenores, como fala, como sorri, como pestaneja, as suas expressões, conhecer os seus gostos, por vezes não saber o que lhe dizer ou ficar inibido porque se apercebeu que foi apanhado a olhar para ele e fica-se constrangido. Saber que por essa pessoa era capaz de fazer as maiores loucuras da vida, sacrificar tudo, dar-lhe tudo, estar sempre a pensar em coisas para lhe oferecer, surpresas a preparar. Dar a vida por esse amor.
Quase como que uma doença crónica, em que a cura é mesmo isso, a partilha, a reciprocidade, o amor correspondido.
domingo, 28 de outubro de 2007
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6 comentários:
Não sei se viste The Bubble... Justamente por causa do que dizes na última parte do texto, o filme me impressionou tanto: o que se pode fazer por amor. Até perder a vida; Ou dá-la!
Não, não vi. Disse-o porque sei que por amor sou capaz de tudo. Já imaginei situações extremas em que se tivesse que dar a vida por alguém, dar uma parte de mim, do meu corpo, um órgão ou atirar-me para a frente de alguém para a proteger de um acidente, duma bala perdida, do que for, não pensaria duas vezes. Simplesmente faria-o.
Pois, a ideia do filme é justamente essa: a de que a entrega atinge um ponto em que sem o outro a vida seria vazia de sentido. Acho que também o faria.
Eu não sei... acho que esta é uma visão muito romântica e cansativa do amor! Há momentos que devem, de facto, ser assim, com uma entrega total ao outro. Mas eu acho que uma relação para funcionar tem que arranjar um equilibrio. E viver em função de alguém não me parece boa política!...
Eu, em tempos, não pensava duas vezes em dar a vida por alguém. Era capaz, sem pestanejar. Hoja a história é outra. Ainda não sei se feliz ou infelizmente, mas a história é outra.
Sei que há muitas formas de amar e isso não tem a ver com a intensidade. Cada um terá a sua e nessas diferenças pode haver igual força, igual intensidade.
Por exemplo, podemos amar muito uma pessoa e não sofrer, não estarmos deprimidos, só porque não estamos ao pé dela. Isso não significa que amemos menos do que quem só quer oferecer presentes, estar ao lado constantemente, sofrer porque está dias sem ver a pessoa que se ama.
Hoje sei disso.
Podemos ser felizes, muito felizes ao lado de alguém. Amarmos muito esse alguém e não sermos dependentes desse alguém.
Essa dependência anula-nos.
Suspeita e Graduated Fool, eu também já experimentei muitas coisas: relações desequilibradas, viver totalmente em função do outro (caprichos, desejos, vontades, fantasias), não dar nada (egoísmo puro) e dar tudo (entrega total). Eu não gosto de dependência nem de posse. A liberdade acima de tudo, o que exige muita sabedoria e diplomacia. Mas, repito, por amor, não hesitaria.
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